Em fins do século XI o Carnaval de Veneza figurava nos registros como festas que se prolongavam ao longo de seis meses. O uso de máscaras havia se tornado tão habitual que foi preciso criar leis para regular sua frequente utilização. Muitos contraventores e assassinos se ocultavam por trás delas e várias pessoas cometiam adultério ou praticavam atos de sedução, protegidas pelo anonimato. Elas foram inclusive proibidas no começo do século XVII.
A Praça de São Marcos é invadida pelo povo e por turistas, enquanto a elite se refugia nas majestosas mansões e nos castelos do Gran Canale, onde ocorrem também requintadas festas nas quais não faltam a champanhe mais cara e as orquestras mais refinadas. Os integrantes das altas camadas sociais ocupam os salões de festas dos luxuosos hotéis de Veneza, ornamentados com motivos extraídos de trechos das óperas de Verdi. Eles bailam ao som de valsas, tarantelas e agora com maior frequência ao ritmo do samba. Enquanto isso, o povo se solta nas ruas transbordantes de gente.
As máscaras são normalmente muito caras, mas há sempre alternativas que contemplam o bolso de cada um. Há também a possibilidade de se alugar um traje e de procurar, entre tantos artesãos que povoam a cidade, máscaras mais singelas, como as produzidas com um material conhecido como ‘cartapesta’ – misto de gesso e pasta de papel. Para quem tem um poder aquisitivo maior, há também as mais elaboradas, imersas em metal e ornamentadas com prata e ouro. A mais consumida é a famosa ‘bauta’, máscara branca no formato de um bico, complementada por um chapéu de três pontas, um casaco amplo e uma capa preta tecida com seda, a qual reveste os ombros e o pescoço, reproduzindo desta forma a imagem do nobre de Veneza.
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